Sou do FC Porto e gosto de futebol. Mais do Porto do que de futebol.
Gosto de ler sobre futebol, mas a imprensa portuguesa é muito fraca e sem isenção ou espírito jornalístico (umas vezes de propósito mas outras apenas para poderem continuar a noticiar).
O aparecimento da Internet, e em particular dos blogues, foi uma descoberta fantástica. Ler textos de qualidade, com uma visão de futebol semelhante à minha e com uma independência total (tanto para dizer muito bem como, principalmente, para poder dizer muito mal) foi, e continua a ser, um gosto enorme.
O saudoso Mãos ao Ar, o Porta 19, o Cacifo do Paulinho, o Lá em casa mando eu, o Gordo Vai à Baliza, o Cabelo do Aimar, o Mão de Vata, o 442 , o Café das Antas ou o BNRb, são (nalguns casos foram) exemplos de blogues nos quais já passei horas a ler textos muito bem escritos (para mim), com excelentes análises e alguns com um sentido de humor excepcional.
Depois de anos a ler blogues e comentários, atrevi-me, há um ou dois anos, a participar com alguns comentários. Tem sido interessante e divertido.
A vontade de ter um blogue meu tem vindo a crescer e há uns anos criei um chamado Dragão do Sul (por ter nascido e vivido sempre em Lisboa, apesar de portista desde que me lembro de ter clube). Aprendi o mínimo para criar o blogue, reuni os links para os principais sites e blogues que lia na altura e parei por aí. Nunca postei uma mensagem.
Os complexos e dificuldades com a minha escrita (sempre foi fraca), a falta de criatividade e sentido de humor ou as dúvidas sobre se tinha algo a dizer de novo, contribuíram todos para que nunca tivesse tido a coragem de fazer um post.
Resolvi começar de novo. Criei novo blogue, acrescentei outros features ao blogue, que estará sempre em evolução pela natureza desse features (links de vídeos, fotos, planteis, estatísticas, etc) e vou atirar-me.
Na pior das hipóteses fico a falar (escrever) para o boneco, ou seja para mim.
Se me divertir a fazê-lo, já não é mau.
Tenho 41 anos, sou casado, pai de um casal (de dragões), engenheiro e vivo a mais de 300km do Estádio do Dragão.
Tenho um irmão mais velho do benfica e cresci a uns 500m do Estádio da Luz.
Não sei porque que é que sou do Porto. Na minha reflexão mais plausível atribuo à influência do bicampeonato de 77/78 e 78/79 e a um certo espírito de rebeldia. Bom gosto e sorte também podem ter estado envolvidos.
Sou um portista maravilhado com o que temos conseguido nestes 35 anos, mas, como seria de esperar com a nossa cultura de exigência, sou crítico.
Crítico
- com a direcção, por ainda manter um passivo tão elevado, quando sabemos dos valores das vendas feitas desde 2002/2003,
- com algumas decisões de gestão, como não substituir o Falcão ou não ter vendido o Cebola há uma eternidade,
- com a direcção e treinadores, por não apostarem nos jogadores que formamos. Com o que por lá andou nestes anos, não consigo perceber como não foi possível manter no plantel jogadores como o Hélder Barbosa, o Vieirinha ou o Paulo Machado. Vamos ver se perdem outra oportunidade Castro.
- com os treinadores e as suas opções. Na escolha do onze, nas substituições, nas conferências e na gestão do plantel (o VP teria ouvido das boas se tivesse visto os jogos ao meu lado),
- com os jogadores quando não se esforçam ou não fazem o que devem e sabem (como aconteceu muito esta época),
- com a alteração brutal na política de contratações ao comprar o Danilo e o Alex Sandro por aqueles valores (e comissões. A do Danilo é incrível. Está no Relatório de Contas do FCP) e
- com o espírito pequeno que esta direcção muitas vezes tem mostrado. Alimentar uma guerra Norte-Sul fez todo o sentido na fase do Pedroto e da nova afirmação do Porto como grande clube português contra o poder instalado pelo dueto de Lisboa. A partir do momento em que fomos campeões europeus (3 anos depois de outra final, num crescimento sustentado e não fugaz), essa estratégia deixa de fazer sentido. Foi até, e continua a ser de vez em quando, uma ofensa para adeptos (e sócios) que vivem e são do Sul. Somos maiores do que isso. Deixámos claramente de ser regionais e somos nacionais e além fronteiras. A política e as palavras da nossa direcção têm que reflectir esse espírito. Enquanto não o fizerem, não poderão realmente atingir a notoriedade e admiração que, por mérito próprio, podiam ter.
O nosso rival é só um. O benfica. Desde novo, e apesar da grande distância que nos separava, sempre achei que o Porto ia ultrapassar o benfica em vitórias no campeonato nacional. Estamos no caminho certo e a um ritmo de recuperação que tem ultrapassado as minha expectativas mais optimistas.
Apesar da rivalidade (quero que o benfica perca sempre nas competições nacionais), torço sempre genuinamente por todos os clubes portugueses. Sem excepção. Torço especialmente pelo sporting, benfica e, mais recentemente o braga. Dá-me gosto ver as nossas equipas a ganhar lá fora.
Para serem grandes lá fora, têm também que o ser cá dentro. Daí não desejar que os nossos adversários estejam de rastos. E também precisamos de competição interna para nos prepararmos melhor para os desafios internacionais.
Vou-me calar antes que fique sem assuntos para falar em posts futuros.
Penso que o essencial está dito. O resto virá aos poucos.
Em baixo deixo o vídeo do resumo do jogo que dá o nome ao blogue. Soube muito bem lá chegar, mas ficou um amargo de boca por termos perdido daquela forma. Mas ficou também a noção de que voltaríamos daí a não muito tempo, para voltar a tentar. Foram 3 anos para chegar ainda mais alto. Top of the world, mama!
E faz hoje 25 anos que ganhámos a nossa primeira Taça do Campeões. Este blogue por pouco não se chamou Viena 87.
Já estamos a ansiar pela terceira.
Pedro (PeLiFe)
Maio de 2012