Trio de Ataque: Gordo substitui o JMV. Para mim acabou.

Quando descobri o Trio de Ataque, ainda em 2005 mas não nos primeiros programas, foi uma surpresa muito agradável.

Estava longe dos outros programas em que se falava de futebol e que eu já tinha deixado de ver há muito.

Essencialmente por uma razão: o tema principal era o futebol jogado pelos 3 grandes.

Cada análise ao jogo de um dos 3 grandes começava pelo visionamento do resumo e por uma apresentação de cariz estatístico extremamente interessante (passes de ruptura, desarmes no meio campo defensivo e ofensivo, etc. etc.) feita pela FOOTBALL IDEAS.

O Carlos Daniel era muito competente a conduzir e a gerir a conversa e esta andava em torno do jogo jogado. (O Hugo Gilberto, que o substituiu há uns 2 anos, desenrasca, mas não vale um dedo do CD)

 

Os lances duvidosos ou as questões marginais ao jogo eram vistas ao de leve.

O trio era também interessante e sabia o suficiente de bola para gostar de os ouvir.

O Rui Moreira foi o primeiro comentador do FCP que não me envergonhava ouvir (depois de cromos como Pôncio, Aguiar ou Serrão). Foi também o primeiro que obteve algum respeito dos adeptos rivais. Tenho pena que se tenha ido embora. O Miguel Guedes, de quem já gostava de ouvir na Antena1, foi um bom substituto.

O Jorge Gabriel foi uma enorme surpresa. Tinha quase que desviar o olhar  da tv para o conseguir levar a sério. Mas conquistou-me rapidamente. É inteligente e sabe ver bola. Saiu (obrigado pela rtp) no final da primeira época. Foi substituído fugaz e brilhantemente pelo Sérgio Godinho (outra surpresa. Não por ser brilhante mas por também o ser a falar de bola). Não sei se foi o próprio que quis sair mas, pelo que a casa gasta, diria que terá sido a rtp a querer mudar. E veio então o Oliveira e Costa. Não conheço nenhum sportinguista que goste dele ou que não pense se não poderiam encontrar muito melhor, mas mantém-se de pedra e cal desde 2006.

                        

E chegamos ao lado vermelho da questão. Gostava de ouvir o APV quando o programa era sobre futebol. Quando passou ser do que está à volta do futebol, era tão interessante e previsível como o estúpido do bigodes da fenprof. Saiu, tanto quanto li algures, porque quis.

E foi fantasticamente substituído pelo Júlio Machado Vaz.

Um gosto de ouvir. Um benfiquista convicto, inteligente e com coluna vertebral. Não teve problemas em condenar o Carlos Lisboa. Não ouve muitos  a terem a seriedade, coragem, ou tão só o civismo de o fazer. Mas também não teve problemas em atacar o Pinto da Costa e fê-lo de forma convicta e correcta.

 

Não gostaram e correram com ele. Aqui contado pelo próprio. Com muito nível, como sempre.

Para o lugar dele vem o Gobern. Gordo seboso que anda a destilar ódio pelo FCP há anos e que terá sido recentemente corrido de comentador de um outro programa qualquer por ter comemorado ao vivo um golo do Benfica contra o Braga (e não o Porto como eu pensava).

A substituição tem toda a lógica. Estranho foi terem ido buscar o JMV logo à partida. Terá sido uma manobra publicitária que não surtiu efeito? Não sei.

O que sei é que a linha editorial do programa tendo vindo a tornar este programa igual ao restante lixo desportivo das televisões portuguesas.

A primeira baixa foi quando abandonaram a estatísticas, que os fazia ligar ao jogo. Depois foi a saída do Carlos Daniel. A mudança da linha editorial mudou claramente para pior nessa altura. Não foi apenas a mudança da pessoa.

Agora vive centrado nos insuportáveis "casos" (em que mostram a mesma repetição até à exaustão e ficam 15 minutos a discutir um empurrão), nas polémicas (sejam elas quais forem, desde que vagamente relacionadas com os 3 clubes ou o futebol) e no antagonismo. Sangue.

Falar de futebol mesmo, parece estar reduzido aos 3 minutos em que escolhem o onze.

A chegada do gordo é, para mim, o fim. Já via pouco e achava cada vez menos interessante, mas agora é de vez.

Assim se rebenta com uma boa ideia.

Será que nós os que gostamos de ouvir gente inteligente e com nível a falar de bola, não somos em número suficiente que justifique o interesse comercial de um programa assim? Tem sérias dúvidas que não sejamos. Acho que o problema está mais na incompetência e baixo nível intelectual da malta que manda nas nossas televisões. Lêem todos os mesmos livros e acham que a receita é sempre a mesma. É muito triste.

Que pena não terem a humildade de olharem para os programas de enorme qualidade que se fazem em Inglaterra. E não é num, é em quase todos os canais. Quase invariavelmente são constituídos por um apresentador com alguma idade (dos que sabem de bola tipo Rui Tovar) e por um duo ou trio de ex-jogadores ou ex-treinadores (como o Gary Neville e o Souness, em baixo).

São excelentes e falam quase só de bola. É impressionante. Que diferença.

Felizmente que há a blogosfera e posso clicar ali à direita e ler gente muito mais interessante do que Oliveira e Costas ou Goberns.

O Blind Guedes posso continuar a ouvi-lo na rádio a falar do nosso FCP, com clubismo mas com a independência necessária para criticar para dentro quando é preciso (como fez veementemente o ano passado e com toda a razão).

PeLiFe